Sabe aquele pensamento que martela a sua cabeça por dias? É o tipo de pensamento que pede pra ser externado, por meio da arte, seja lá qual for. Eu não sei pintar nem desenhar. Não sei cantar. Finjo que sei escrever, por isso escrevo. Brinco de ser escritora. É muito gostoso!
Voltando aos pensamentos martelantes, eu não consigo manter pensamentos desse gênero presos em minha mente. Se eu não os transformo em texto, piro. Geralmente pensamentos assim dão textos polêmicos e contundentes.
Pensamentos assim, transformados em textos, geram discussões acaloradas. Eu gosto de textos polêmicos e contundentes, apesar de nunca ter escrito nada do tipo. Não que eu lembre. Gosto de discussões acaloradas, desde que haja respeito e que todas as partes envolvidas tenham a capacidade de escutar os discursos acalorados dos outros.
Os pensamentos que martelaram a minha cabecinha por dias e dias foram justamente sobre maternidade e paternidade precoces. Mais especificamente o quanto é deprimente ver os frutos dessa maternidade e paternidade precoces sofrendo por seus pais negligentes e desinteressados pelo bem-estar dos seus filhos.
São crianças fazendo crianças. São adolescentes fazendo crianças. São adultos imaturos fazendo crianças. E essas crianças, coitadas, sofrem pela falta de cuidados ideais, por falta de afeto de verdade, por falta de um amor genuíno. Enquanto essas crianças rolam de um canto para outro, aos cuidados de avós, de tias, de vizinhas, esses pais curtem a vida adoidado, como se não tivessem criaturinhas esperando por eles, esperando que eles amadureçam e as enxerguem como preciosidades e prioridades das vidas deles.
Eu não sei como é ter um bebê. Eu não sei se um dia pretendo ter um. Entretanto, isso não me dá descredita a falar do assunto.
O conhecimento, ao meu ver, não precisa ser necessariamente empírico. O conhecimento empírico talvez seja mais latente. Contudo, o conhecimento que floresce ao observar diariamente um certo comportamento, uma certa situação, também é totalmente válido. É isso que me credita a falar sobre esse tema e outros nos quais não tenho o conhecimento empírico, mas sim o advindo da observação.
Creio que, quando se torna mãe/pai, os hábitos devem ser mudados. A vida toda deve mudar. Não se é mais sozinho. Há um ser que depende dessa mãe e desse pai. Depende financeiramente, fisicamente, emocionalmente etc. E, infelizmente, o que mais se vê são mães negligentes, pais igualmente negligentes e ausentes.
Será que essas mães e esses pais não entendem que, quanto mais esses filhos crescem solitários, criados por uns e outros, com a ausência deles rasgando seus corações, seus filhos não saberão o que é felicidade?
Há casos de mães e pais que precisam trabalhar para sustentar a família e deixam seus filhos aos cuidados de terceiros praticamente o dia inteiro, todos os dias. E eu me pergunto: "Vale a pena ser mãe e pai assim?".
Eu sei que as pessoas precisam se sustentar, e o sustento provém do trabalho. Porém, quando penso nisso, me vem a imagem de uma criança com um semblante triste e solitário, na casa de terceiros, sob os cuidados de pessoas que nem sempre a trata cuidadosamente e com o mínimo de amor, se perguntando para que serve ter uma mãe e um pai se eles não estão por perto quando mais precisam.
E aqui eu respondo o porquê de eu não saber se quero ter filhos: não quero ter filhos para que eles cresçam sob o cuidado de outros, não quero que eles esqueçam o significado do que é ter uma mãe, não quero que se sintam desolados, porque não têm o meu ombro e o meu colo para se apoiarem.
Com isso, não quero dizer que pais ideais são aqueles que abdicam da própria vida para cuidar dos filhos durante a vida inteira. Não, não é isso que quero dizer.
Quando falo crianças, quero dizer crianças mesmo, de 0 anos a 8 anos. Acho que no começo da vida dos filhos, os pais precisam estar presentes, bem presentes, para que possam cuidar de seus pequenos em suas fases mais vulneráveis, mais frágeis, nas quais precisam muito do seu carinho, amor e dedicação. Sobretudo, essas crianças precisam criar uma imagem em sua mente de pessoas que realmente as amam e as querem bem.
Ser mãe/pai não é brincar de casinha. Não é brincadeira. Por isso, sempre penso que, se uma pessoa não tem o mínimo de zelo para consigo mesmo e para com sua própria vida, não deve ter um filho. Penso que, se uma pessoa tem outras prioridades na sua vida, não deve ter um filho. Se uma pessoa quer curtir a vida loucamente, não deve ter filhos. Ou, se tiver, saiba que sua vida terá um ritmo diferente e a badalação terá sempre que estar em último plano.
É pura maldade colocar uma criança no mundo para que ela seja mais uma criança, em meio a tantas outras, com pais na certidão de nascimento, mas sem pais em seu cotidiano.
Eu só lamento pelas crianças maltratadas por pais irresponsáveis, por pais despreparados e sem o menor intento de se ajustarem. Eu só tenho a lamentar pelas crianças que são jogadas ao mundo como se jogam flores ao relento. Crianças, seres preciosos, crescendo tristes, revoltadas e amargas.
Sabe por que lamento tanto ver crianças em tais situações? Porque, felizmente, tive pais que foram presentes na minha infância, adolescência e até hoje o são. Deram-me amor e um cuidado que nem em mil anos eu poderia retribuir. Eu os amo por tudo o que fizeram por mim, fazem e sei que farão, caso eu precise.
Colabore para um futuro melhor: só tenha filhos se realmente desejar cuidar deles com amor sem medida e uma dedicação descomunal.
Erica Ferro
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Notinha: Ufa, desabafei!
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