31/03/11

Sobre ela - a Natação!

Nos dias 18, 19 e 20 de março estava em Fortaleza, participando da Etapa Regional Norte/Nordeste do Circuito Loterias CAIXA Brasil de Atletismo, Halterofilismo e Natação. Um ano de sonhos, de preparação, de correção de erros e de empenho. Finalmente "a" competição havia chegado. Nas vésperas da viagem, dia 16, eu estava muito, mas muito ansiosa mesmo. Com medo. Mas medo de quê? Ora, medo de fracassar, de não conseguir alcançar as marcas que eu pretendia alcançar. E, além do nervosismo, aconteceram coisas desagradáveis, que me deixaram ainda mais nervosa, com mais medo e totalmente fora dos eixos. Tentei respirar fundo, anular o que não me fazia bem naquele momento e me foquei na competição. Me foquei porque sabia que era uma chance única no ano de 2011. Digo chance única porque é na etapa regional que os atletas são selecionados para as etapas nacionais. E como é essa seleção? O atleta precisa fazer determinada marca em uma determinada prova. E a minha prova, "a prova", era os 50m livre, onde eu tinha mais chances de obter o índice e ser selecionada para as etapas nacionais. Na sexta, dia 18, já em Fortaleza, me concentrava para competir no dia seguinte. À noite, mal consegui dormir. Suava loucamente. Me levantava muito durante à noite. Acordei diversas vezes pensando que tinha perdido a hora. Eu tinha que acordar às 05:30. Finalmente deu 05:30. Minhas pernas tremiam. Respirei fundo, muitas e muitas vezes. Pensava: "vai dar tudo certo, Erica, se você parar com essa agonia, se você relaxar, se você fizer o que você sabe. Você treinou, agora é a hora de ver o resultado disso." E pronto. Fiquei mais tranquila. Me foquei ainda mais. A primeira prova do dia era os 100m livre. Chamaram as atletas dessa prova ao banco de controle. Lá vou eu, toda trêmula, respiração vacilante e um só desejo: melhorar minha própria marca e ver no que isso daria. A hora chegou. Prova liberada. Me acalmei e pensei "é agora!" e caí na água. Nadei como nunca havia nadado. Melhorei muito a minha própria marca, mais do que achei que melhoraria. Resultado disso? Uma medalha de ouro. E quando saio dessa prova, quem eu vejo? Naiara Ximenes e Aurélio! Dois amigos virtuais que foram me ver no Náutico Cearense. Adorei conhecê-los! Pena que mal deu para conversar com eles. Essas competições são muito corridas. Mas foi muito importante a presença, a força e a torcida, viu, seus fofos?
Próxima prova? 100m costas. Nessa prova não tinha muitas esperanças, nem de índice e nem de fazer um tempo legal. Mas foi aí que eu me enganei totalmente. O índice não veio, mas em relação ao ano passado, melhorei absurdamente a minha própria marca. Fiquei espantadamente feliz. Porque realmente não esperava melhorar tanto no nado costas e ainda ganhar uma medalha de ouro. Comprova que o treino tem dado certo e continuará dando certo. A primeira etapa acabou. Almocei e fui para o hotel.
Eis que chega a tarde, e a hora "da prova" se aproximava. Rafael Guimarães, outro amigo virtual que mora em Fortaleza, me mandou mensagem no celular dizendo que ia me ver à tarde, no Náutico. Fiquei super feliz! Ia conhecer mais um amigo virtual e ia ter a alegria de vê-lo torcer por mim na minha prova principal! E conheci! Na hora do aquecimento, ele estava no alambrado, olhando os nadadores se aquecerem. Falei rapidamente com ele porque meu técnico já me chamava pra aquecer e tudo o mais. Depois do aquecimento é que tive chance de falar melhor com ele e corri para o banco de controle, porque "a prova" iria começar. 50m livre, e o meu coração disparava, minhas pernocas tremiam mais do que vara verde. Estava extremamente ansiosa e com uma vontade imensa de conseguir o índice para as etapas nacionais, pois eu já estava tão perto que seria frustrante demais não conseguir. Prova liberada. Caí na água, nadei com o coração, esqueci da técnica do nado, me desesperei tanto para chegar e tocar naquela borda e... não consegui o índice. Me pergunte o valor de um segundo que eu sei lhe dizer, pois foi justamente por um segundo que eu não carimbei meu passaporte para as etapas nacionais. Foi frustrante? Foi, e muito. Foi triste? Demais. Quebrei meu próprio recorde dos 50m livre, consegui uma medalha de ouro, mas não fiquei feliz. Eu queria o índice! Mas... qual o próximo passo? Não, não há próximo passo. Há próximas braçadas e próximas pernadas, porque meu sobrenome é Ferro. Ferro desconhece as palavras desistência e descrença.
No domingo, dia 20, último dia de competição, nadei os 100m peito. Digamos que é a minha pior prova, a que estou beeem longe do índice para as etapas nacionais. O meu corpo já sentia o cansaço do primeiro dia de competição, que foi muito bom em termos de resultado, não consegui nadar bem. Nadei mal pra caramba e aumentei minha própria marca, o que me deixou um bocado triste. Consegui uma medalha de ouro, mas não me animei com isso, porque, pra mim, uma medalha só vale a pena quando vem junto com um bom resultado, com a superação da própria marca.

Resultado da competição? Quatro medalhas de ouro, três quebras do próprio recorde e uma marca vergonhosa dos 100m peito (o que me fez desistir de tal prova... agora quero nadar os 400m livre... acho que terei um melhor desempenho nela). Resultado da viagem para Fortaleza? Sensacional! Vocês devem saber como é uma viagem com alguma turminha, seja do colégio, da faculdade, do trabalho... Imagine uma equipe reunida em um ônibus, mais de 30 pessoas, felizes e ansiosas, rindo à toa, fazendo piada de tudo e todos? Fantástico! Me diverti muito na ida, durante a estadia em Fortaleza e principalmente na volta. Teve até concurso de dança dentro do ônibus! Vocês sabem o que é isso? Muita comédia! Aliás, surgiram vários talentos no ônibus. O dançarino, o cantor, o humorista etc. Adoro aquele povo! São muito especiais pra mim. Nutro um carinho sincero por cada um. E a parte de ter conhecido esses três amigos virtuais é fundamental para abrilhantar e marcar ainda mais esse regional em Fortaleza.
É estranho encerrar esse texto porque eu gostaria de escrever muito mais coisas, mas que eu não lembro no momento.
A lição que eu tiro dessa competição é a seguinte:
Muitas pessoas querem "crescer" em um determinado esporte para serem famosas, outras querem para ganhar dinheiro e viver disso. Não sei se me encaixo em algum desses grupos. Digamos que nenhuma das duas coisas é a minha meta principal.
O que me leva a nadar todos dias é algo tão indescrítivel, tão sem nome. Na verdade, sinto uma necessidade louca de me vencer a cada dia, de deixar uma velha Erica pelo caminho sempre que possível. Seria bom ser famosa? Não diria que ser famosa seria bom, bom seria ver o esporte paraolímpico sendo divulgado, sendo reconhecido como esporte de rendimento e não só de superação (o que já está sendo, aos poucos, mas está). Ganhar dinheiro com o esporte? É muito massa. Imagina só, ganhar dinheiro para ser atleta! Mas há muitos atletas que se perdem tanto em holofotes e em "verdinhas", que se esquecem do valor do esporte, do que isso significa na vida deles. A natação é praticamente a minha vida. É a coisa que eu mais amo fazer e a que eu quero fazer melhor a cada dia. Eu costumo dizer que eu não escolhi ser atleta, a Natação (sim, em maiúsculo) é que me escolheu, que me chamou. Eu não quero ser melhor do que A ou B. Eu quero ser melhor do que a Erica de ontem, melhor do que a Erica de hoje e melhor do que a Erica de amanhã. E vencendo a mim mesma, uma hora estarei entre as melhores, ou serei a melhor. Mas o que verdadeiramente importará para mim é a consciência de que fiz o meu máximo e o meu melhor sempre, todos os dias, buscando uma evolução pessoal. Acho que tanto no esporte como na vida deve ser assim. Não se pode querer ser melhor do que ninguém. Devemos buscar nossa própria evolução, assim obteremos o que sempre quisemos, porque procuramos isso. Tracemos uma meta, nos foquemos nela e avancemos! Persistamos nos momentos difíceis e aparentemente sem solução, porque uma hora as coisas melhoram e tudo finalmente dá certo.

A minha roupa preferida:



As minhas novas "filhinhas":


E para quem quiser ver um "belo resumo" da
competição, veja esse vídeo (apareço após o minuto 3:40,
nadando peito - a minha pior prova -, com a touca do Brasil):



"Vou dar braçadas, remar todos os mares do mundo!"
(O teatro mágico - a pedra mais alta)

(Erica Ferro)

* * *
Ufa! Consegui postar esse texto ainda em Março.
Que venha Abril!
Hasta la vista, pueblo!

06/03/11

Para você, Raul!

Alinhar ao centro
Imagem retirada do site "Catraca livre".

Raul. Raulzito. Raul Seixas. O poeta-roqueiro-baiano-arretado. O maluco beleza. O disseminador da sociedade alternativa... Viva!
Raul, aquele que me ensinou que ser uma metamorfose ambulante é muito mais interessante do que viver agarrada à conceitos e à preconceitos passados, de olhos fechados para o novo, indiferente ao desconhecido; aquele que me explicou que desdizer as palavras de ontem não é pecado... também pode significar crescimento; aquele que me disse que, se o rádio não toca a música que eu quero ouvir, é muito simples de resolver... é só mudar a estação! E eu tenho mudado constantemente de estação, tenho conhecido sintonias perfeitas... dançado ao som do ritmo que me agrada.
Raul, que não é oftalmologista, mas me aconselhou que, na falta de colírio, usasse óculos escuros. E, hoje, óculos escuros é a minha marca registrada.
Raul, com quem cantei perguntas na esperança de que caíssem do céu as respostas.
Ah! Recentemente resolvi fazer um check up completo na minha vida. Belo check up! Raul precisava ver a quais conclusões cheguei. Tudo que conquistei até hoje não me basta, não por ser pouco; é pouco diante de tudo que ainda posso conquistar. Me levantarei da poltrona, na qual fiquei por tanto tempo com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar, e caminharei por outras trilhas, desbravarei minas em busca de novas pedras preciosas. Viverei fazendo o que me apetecer fazer, fuçando aquilo que hoje me é incógnita, forçando portas; e se as chaves dessas portas forem tortas, o jeito é derrubar portas, chaves e todo o resto.
E, se de início eu nada encontrar, se tudo aparentemente der errado, sempre há a possibilidade de tentar outra vez. Raul sempre me fala que, se é de batalhas que se vive a vida, tentar outra vez é fundamental.
Agora me despeço, não posso perder o trem 103. Quem sabe nele eu encontre o amor que não perdi?

*Clique nos links para ver os vídeos,
ouvir as músicas,
conhecer um pouco do Raul (se não já conhecer
e ser uma admirador (a) de sua obra como eu, claro
)!

(Erica Ferro)

* * *

Post-scriptum relativamente rápido: há muito queria escrever sobre o Raul, mas sempre adiava por achar que não tinha capacidade de escrever um texto decente sobre ele. Tive a ideia de criar um texto leve, no qual eu pudesse falar o que o Raul representa pra mim e ao mesmo tempo mostrar a vocês umas das suas grandes músicas.
Acho que consegui. Sim, eu gostei dessa postagem!
Esses dias recebi o caderno que a Ana Seerig customizou pra mim. A capa? Do Raul Seixas. Clique aqui e veja do que eu estou falando.
Um abraço, pessoal!
Até a próxima.