29/12/13

Resenha: Sonhe Mais - Jai Pausch


Sonhe Mais - Reconstruindo a vida após a perda
Jai Pausch
Novo Conceito
256 páginas
☺☺☺
Jai Pausch passou por um trauma: a perda do marido para um câncer de pâncreas. A enfermidade de Randy Pausch também destruiu as verdades e as certezas em que Jai acreditava.
Pega de surpresa pela doença, que avançou rapidamente, Jai Pausch precisou inverter suas prioridades. Acostumada a cuidar da família, percebeu que aquele era, também, o momento de cuidar de si mesma, porque, do contrário — caso fraquejasse —, sua família não sobreviveria. E, apesar de todas as alterações pelas quais passou, foi capaz de registrar a maior parte de suas experiências, dúvidas e medos. 
Este registro acabou se constituindo num relato vigoroso sobre como a morte muda o relacionamento entre as pessoas e sobre como é possível sobreviver, passo a passo, a essas mudanças.
Sonhe Mais é referência para todos os que estão vivendo uma fase de transição e é leitura obrigatória para aqueles que passaram, ou estão passando, por um momento de dor.

Uma das doenças mais devastadoras é o câncer, seja qual o tipo que for. O de pâncreas, segundo as informações repassadas no livro Sonhe Mais, é extremamente cruel e a chance de sobrevivência é pequena.
Imagine que você encontra o homem da sua vida, se apaixona, se casa, dá a luz a três crianças e forma uma linda família... Até o dia em que o câncer de pâncreas resolve bater à sua porta, escolhendo o amor da sua vida para ser a mais nova vítima dele. Foi isso que aconteceu a Jai Pausch.
Em Sonhe Mais, Jai Pausch fala sobre o impacto do câncer em sua vida e de seus filhos, desde o terrível diagnóstico até após a morte de seu esposo, Randy Pausch, autor do best-seller A lição final (que ainda não li, mas, depois de ler esse da Jai, preciso ler o de Randy).
Ao saber da doença do marido, Jai fica desnorteada e seu coração e mente se enchem de medo e insegurança. Na época do diagnóstico, dois de seus três filhos, Logan e Chloe, eram muito pequenos pra entender o que era câncer e a devastação que ele poderia causar. Aliás, Chloe era apenas um bebê. Já Dylan, de personalidade perspicaz e que demonstrava até um amadurecimento além da idade que tinha, entendeu, à seu modo, o que acontecia ao seu redor. Jai entendia que era uma doença grave, e era esse o motivo da sua agonia; o que a aliviava era que sabia que ela e Randy iriam buscar os melhores e mais eficazes tratamentos para que, juntos, vencessem a guerra contra o câncer.
No começo, isso deu certo. Randy passou um tempo incrivelmente bem, sem sentir os sinais do câncer... E então, ele voltou. Voltou com força total, infelizmente. Metástase. E foi-se as chances de cura e de vencer o câncer. Randy morreria. Jai ficaria sozinha com as três crianças para criar.
Randy sempre foi um homem pragmático, Jai nos conta, que sabia deixar o sentimentalismo de lado quando precisava agir racionalmente, principalmente porque ele amava imensamente Jai e as crianças e queria fazer de tudo que era possível para que todos eles pudessem ter uma vida com menos empecilhos e dificuldades possíveis após a sua morte.
Além de fazer tudo que era possível para garantir que Jai e seus filhos ficariam o mais seguros possíveis quando o perdessem, Randy, graças ao sucesso da sua palestra na Carnegie Mellon University, que se transformou em livro, que citei no começo da resenha, começou a sua luta para chamar a atenção das pessoas, sobretudo do governo, para angariação de mais fundos para pesquisa sobre o câncer, em especial ao de pâncreas.
Randy concedeu diversas entrevistas a jornais, revistas e programas televisivos. Conheceu e encantou Oprah Winfrey e toda a sua plateia. Todos os que assistiram a sua palestra na Carnegie Mellon ficaram chocados como um homem à beira da morte poderia manter o bom humor e o autocontrole. Todos que assistiam as suas entrevistas ficavam encantados com a maneira sensata e nada angustiada com a qual ele encarava a morte iminente.
Jai nos conta e reconta sobre o pragmatismo de Randy e sobre como ele encarou a morte de uma maneira que poucos encarariam. Um dos tópicos que dilaceravam o coração de Randy e fazia o dobrar-se em dor era o fato de os filhos não puderem tê-lo no futuro, e vice-versa. No mais, Randy tinha êxito em se manter firme, sem titubear, com a aproximação da morte. Então, o câncer foi o debilitando mais e mais, até que Randy faleceu.
Jai não sofreu um baque, digamos, porque era algo iminente e irreversível. Porém, mesmo assim, ela sentiu a dor, a perda; e, principalmente, o medo de não dar conta da criação de três crianças e administrar um lar a tomou com toda a força. Ela confessa que não tinha o pragmatismo de Randy, no qual ela se apoiou por anos, por isso foi tão difícil se adaptar à nova realidade. Contudo, Jai, à seu modo, com a ajuda de familiares e amigos, conseguiu driblar as dificuldades e executar as tarefas como mãe e como administradora de um lar. Mesmo antes de Randy morrer, a família Pausch teve o apoio de familiares e amigos nos cuidados com as crianças e a casa.
Embora a minha resenha fale mais de câncer e de Randy, o foco do livro de Jai é o/a cuidador(a). Jai teve sua experiência como cuidadora e ressalta a importância dos centros de oncologia darem mais visibilidade ao cuidador, em vez de somente ao paciente. Porque, segundo Jai, o/a cuidador(a) sofre bastante ao ver seu ente querido passando por coisas terríveis sem puder ajudar de forma eficaz, pra aliviar as dores e arrancar o sofrimento de quem ama. Consequentemente, isso causa um sentimento de frustração, mesmo que, conscientemente, saibam que não podem fazer mais do que já fazem. Acompanhamento terapêutico é extremamente importante nesses casos.
Eu poderia dizer que me compadeci da dor de Jai e que ela se tornou uma amiga que eu não conheci, não conheço e muito provavelmente nunca vou conhecer. Sim, me compadeci da dor dela, mas não consegui criar um laço com Jai. Notei uma certa imaturidade em algumas passagens, nas quais ela se preocupava com questões irrelevantes enquanto seu marido estava morrendo. Percebi um egoísmo da parte dela em alguns momentos que ela descreveu, e isso me fez gostar um pouco menos de Jai e tomar mais partido de Randy.
Dei três estrelas ao livro pela história de Randy, sua trajetória e pelo fato de ter conseguido visualizar um Randy além do que Jai descrevia. Entendo a preocupação de Jai com os cuidadores, e acho esse fato relevante e que deve ser visto com mais cautela, mas creio que ela fez o livro mais como um exorcismo, meio que para se desculpar com alguém, meio para se justificar sobre algumas atitudes que tomou e, no final, para inspirar pessoas a não desistirem da vida, não importa quantas vezes os seus sonhos sejam despedaçados.
O projeto gráfico da capa ficou magnífico. A textura de toda a parte externa do livro é uma delícia. A Editora Novo Conceito, sem dúvida, está de parabéns pelo trabalho.
Na sinopse diz que é um livro para quem está vivenciando um processo de transição ou que está passando ou passou por um momento de dor. Vou além: creio que é um livro para que possamos "pensar fora da caixa". Há quem tenha medo de ler sobre coisas doloridas, porque, obviamente, consternam e incomodam. Entretanto, eu prefiro ler tais livros, de quando em quando, para sair da zona de conforto, para vivenciar novas realidades, por mais contundentes que elas sejam. Indico a todos que não temem chorar a dor do outro.
Por fim, curiosa do jeito que sou, não poderia deixar de procurar os vídeos de Randy Pausch. Vi o resumo de uns e, pelo pouco que vi, Randy fez jus ao que Jai disse no livro: era um homem que tinha um brilho no olhar, uma vivacidade invejável e uma desenvoltura ao falar que impressionava e cativava a plateia. Preciso ver toda a palestra que ele concedeu na Carnegie Mellon, que está disponível no YouTube.
Deixarei aqui embaixo a primeira parte da palestra:


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Antes do dia 31, pretendo iniciar e finalizar um livro bem bonitinho, também que recebi de parceria com a Novo Conceito, chamado O amor mora ao lado, da Debbie Macomber, para finalizar o ano de um jeito bem adorável.
Espero que resenha tenha ficado bacana. Confesso que ficou maior do que o que eu previa, e olhe que me esforcei pra ser sucinta, mas não obtive êxito, como puderam ver.
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Um abraço da @ericona.
Hasta! 

24/12/13

Just believe!



Há uns dias estava garimpando músicas bacanas na maravilhosa fonte musical que é o Grooveshark, e encontrei essa lindeza de música: extremamente doce, tocante, com uma mensagem encantadora. Vejam o vídeo. Escutem a melodia. Leiam a letra. Nessa magia natalina eu acredito. Acredito que, mesmo com muito para nos preocupar, há muito o que celebrar. Celebremos, pois. Deixemos essa magia contagiar nossos dias.
Independente de religiões e de alguns fazerem dessa época um tempo de consumo desenfreado, penso que não é uma data que devemos ignorar. Creio que ter um dia do ano para avaliar nossos feitos e os não-feitos é válido. Creio, mesmo, que é muito bacana ter um dia para que nossas esperanças, afervoradas pelo dito espírito natalino renasçam. Creio, com todo o meu coração, que o Natal é um momento em que devemos estar bem perto das pessoas que amamos, o mais perto possível, daqueles que fazem a nossa vida mais colorida, mais bonita, mais feliz.
Natal é tempo de relembranças. Natal é tempo de reviver e reviver momentos. Natal é tempo de agradecer por todas as conquistas e por todas as alegrias diárias. Não que seja o único dia em que devemos agradecer. Pelo contrário, devemos ser sempre gratos pelos degraus que galgamos na íngreme escada da vida. Entretanto, fazer um apanhado geral de tudo que houve de esplendoroso em nosso ano e agradecer no Natal é algo impagável e muito especial.
Claro, muitos reclamam da hipocrisia do Natal, no qual pessoas que durante o ano inteiro se evitam e/ou se ignoram, mas que nessa época se abraçam, trocam presentes, etc. Há muita hipocrisia no Natal, sim. Há sempre. Há em todo lugar. No entanto, podemos fazer escolhas. Eu, por exemplo, escolho não ser hipócrita. Eu escolho ficar perto de quem eu realmente gosto e aprecio a companhia. Eu escolho abraçar a quem eu tenho um apreço gigantesco. Eu escolho abrir meus braços àqueles que querem me abraçar. 
Um dos meus desejos natalinos é que um dia, oh! um dia!, esse espírito bonito de se compadecer e tentar solucionar as necessidades alheias não exista apenas no Natal. Que a bondade e a capacidade de visualizar o que acontece ao redor permaneçam durante todos os dias do ano. 
Que não sejamos omissos ao que é iníquo. Que não sejamos passivos diante de covardias. Que não sejamos mais um na multidão. Que sejamos da cor verde-limão. Chamemos atenção, através de genuínos atos de gentileza, de benevolência e de honestidade. Contanto, sobretudo, sejamos naturais. Busquemos nos encontrar a todo momento. Encontrar a nossa essência, nosso equilíbrio, nossa forma de viver melhor nesse vasto mundo.
De coração, desejo a vocês, meus amigos, um lindo momento natalino, no qual a alegria e a paz pairem. 
Um abraço enorme da @ericona, a bonita.
Hasta!

15/12/13

Super(ação). Superação. Super(ar). Superar sempre.


Hoje faz exatamente uma semana que cheguei de uma fantástica competição de natação, que aconteceu na capital do Ceará: o V Meeting Cearense de Natação Paralímpica

Como vocês sabem (se não souberem, saberão agora), eu sou nadadora paralímpica, mas há um ano e meio que não participava de competições. A razão? Ela, a minha perseguidora: a Síndrome do Pânico. Não sei se vocês se lembram, mas o final de ano de 2012 foi terrível pra mim. Não só o final do ano de 2012, como também cerca de 50% do primeiro semestre de 2013. Passava mal quase todos os dias, com uma ansiedade desenfreada, uma agonia constante. Era como se eu estivesse morrendo aos poucos todos os dias. Até conseguir encontrar a medicação certa, eu penei, amigos. Sofri um bocado. Ter Síndrome do Pânico é uma das piores coisas que há nessa terra. É tão ruim, tão horrível, que quem tem, não deseja isso nem pra um inimigo. 
Dada essa introdução, quero agora só falar das coisas boas que me aconteceram depois que a minha vida começou a entrar nos eixos. 
O primeiro semestre do curso de Biblioteconomia na UFAL foi um tanto apertado, corrido, mas muito produtivo. Mesmo com a minha ansiedade um tanto descontrolada, consegui curtir bem o level 1 do curso. Foi ainda no primeiro semestre que uma professora indicou meu nome a um projeto de iniciação científica. Aceitei o convite, claro. Ser aprendiz de pesquisadora é algo que demanda tempo e esforço, mas que está me fazendo crescer imensamente como acadêmica.
Negligenciei bastante os treinos de natação nesse ano. No início, não era negligência: era medo de passar mal enquanto fazia esforço físico nos treinos (meados de fevereiro/março, quando voltei a nadar pensando em competições), mas depois comecei a negligenciar porque me enrolei com alguns trabalhos na UFAL e acabava faltando muitos treinos. O que aconteceu foi que eu construía coisas massas como atleta, mas, quando começava a faltar por uma razão ou outra, a construção desmoronava. Afinal, um atleta que quer render, ele precisa ter assiduidade, pois, do contrário, será um eterno construir e desconstruir, sem chegar a lugar nenhum. Analisando toda a situação agora, percebo que tudo foi uma questão de falta de planejamento de minha parte. Aprendi a lição e, a partir dessa nova fase, que se inicia amanhã, saberei conciliar tudo o que eu faço, sem abrir mão de nada.
Fui a esse Meeting em Fortaleza consciente de que não poderia esperar boas marcas nas provas que eu iria nadar (nove provas... eram dez no total, só fiquei de fora dos 100m borboleta). Eu tinha consciência de que eu não poderia esperar, mas, no fundo, a gente sempre espera que na hora, por um milagre ou uma grande cagada (desculpa a expressão), consigamos nadar bem e fazer marcas legais. Não foi o que aconteceu.  Um atleta de verdade não espera: ele faz. Mais uma lição que aprendi (ou reaprendi).
Entretanto, por mais incrível que pareça, não fiquei triste. Ao contrário, nadei nove provas e em nenhum momento passei mal com ansiedade excessiva. Tinha como ficar triste? 
Eu estava muito nervosa apenas na primeira prova, mas era uma ansiedade normal. Eu não senti nenhum vestígio da Síndrome do Pânico. Isso, pra mim, foi a minha grande vitória. Conseguir nadar todas as provas, inclusive umas que nadei pela primeira vez, foi algo, assim, impagável. Saí da competição feliz demais por ter vencido a minha maior adversária dos últimos tempos: a Síndrome do Pânico. 
Mesmo não nadando bem, aumentando as marcas de algumas provas, consegui medalhar em oito das nove provas que nadei. Foram três ouros, três pratas e dois bronzes. 
Aprendi muito também na pré-competição, competição e pós-competição com a minha equipe. Nós quase não conseguíamos viajar a Fortaleza. Lançamos campanha nas redes sociais, pedimos auxílio financeiro a professores e alunos da Estácio/FAL e da Biblioteconomia/UFAL e, para a alegria da equipe e de nossos admiradores, alcançamos a meta que queríamos (R$ 4 000), para transporte, auxílio hospedagem e alimentação).
Sou um tanto cara de pau, tanto, que mandei o link da campanha ao ator e humorista Fábio Porchat. Ele compartilhou duas vezes a campanha, abraçou a causa e ficou na torcida. Duas empresas chegaram a mim através dos compartilhamentos dele. Empresas que nos deram um apoio muito massa: IlhaSoft (Maceió/AL) e B&S Soluções em Limpeza (Aratiba/RS). Foram parceiros, realmente. Contribuíram com o máximo que puderam, mas, sobretudo, nos disseram palavras de incentivo e ficaram na torcida. Isso não tem preço. As deputadas Rosinha da ADEFAL e Thaise Guedes apoiaram a nossa causa e nos ajudaram a transformar o nosso sonho em realidade. 

Na foto, Natação ADEFAL e dois amigos queridos da equipe: o carinha de camisa preta, Alisson Ampolini, do Mato Grosso, e a queridona de camiseta branca com gola verde, Natália, de Sergipe.

Nós fomos ao Ceará com uma equipe maravilhosa e um objetivo ousado, mas possível: levar a natação ADEFAL ao pódio. Queríamos ganhar algo que nunca tínhamos ganhado ainda: um prêmio por equipes. E nesse Meeting conseguimos. Ganhamos a terceira colocação por equipes (entre treze equipes). Trouxemos um lindo troféu para Maceió, fruto do nosso esforço, do nosso suor, da nossa garra e da nossa fé.
O grupo estava muito unido, passando energia positiva, um apoiando o outro de uma maneira que eu nunca tinha visto antes. Fico toda arrepiada só de escrever sobre isso.

Na montagem, 1ª foto: parte da equipe Natação ADEFAL. 2ª Erica Ferro, linda, com suas oito medalhas. 3ª foto de todas as medalhas conquistadas pela equipe e do troféu de terceiro lugar por equipes.

Porchat, além de ter compartilhado a campanha por duas vezes, parabenizou a equipe por todo o esforço e dedicação. Cliquem aqui pra ler as belas palavras dele.
Escrevi vários posts sobre essa competição no Facebook, mas há dois que preciso incorporar nesse post aqui. Isso deixará esse texto ainda maior, mas não me importo. Sei que, se vocês estão aqui por livre e espontânea vontade, vão gostar de ler o que escrevi. Ou não. Mas enfim, não posso deixar esse dois textos de fora desse meu post aqui, no meu querido blog.

A primeira facebookada foi dia 06/12, um dia antes da competição:

Nunca me senti tão feliz como hoje. Aliás, desde que saí de Maceió, que estou me sentindo extremamente orgulhosa da minha equipe, de cada atleta que está aqui.

Eu já tinha chorado de alegria na quarta pelo fato de termos unido nossas forças, junto com o apoio fabuloso de vocês, amigos queridos e todo mundo que apoiou, e conseguir recursos financeiros para viajarmos para Fortaleza.
Foi uma campanha maravilhosa. Espalhamos pelo Facebook, na Estácio/FAL, na Biblioteconomia/UFAL e em todos os lugares que conseguimos. Estava escrito que nos conseguiríamos vir a Fortaleza. A meta era muito ousada, considerada impossível por muitos, mas nós, atletas e, puxa vida, o nosso amado técnico Diego Calado fez de tudo, mas tudo mesmo pra que estivéssemos aqui.
Há pouco tivemos uma reunião espetacular com Diego e toda equipe. Uma reunião com o intuito de conversarmos um pouco dos percalços por quais passamos pra chegar até aqui e também para vermos um vídeo sensacional que um grupo de alunos do curso de Educação Física da Estácio/FAL fez sobre a nossa equipe. Um vídeo motivacional. Um vídeo inspirador.
Na minha teima de querer ser vista como mais uma, como uma "pessoa normal", me irritava um pouco por dizerem que eu era/sou um exemplo de vida.
Todos temos limites a superar, mas, cara, hoje eu chorei demais na reunião com o vídeo que os estudantes da Estácio/FAL fizeram. Foi lindo.
A mensagem do vídeo, em síntese, mostrou a mim e aos meus amigos de equipe que nós somos exemplo de vida sim e não devemos nos irritar por causa disso.
Nós quebramos paradigmas, nós transformamos o quase impossível em possível. Nós chocamos as pessoas, no bom sentido da palavra. Nós somos exemplos de que a vida pode dar certo quando lutamos para que ela dê certo. Somos lições de vida para quem vive reclamando da vida, mas não se move pra mudá-la.
Nós, da equipe de natação ADEFAL não treinamos apenas para sermos os melhores atletas do país e/ou do mundo. Na verdade, o esporte nos faz seres humanos melhores, não apenas atletas melhores.
E quando as pessoas (com ou sem deficiência) observam nossas ações na vida e no esporte, elas se emocionam.
E hoje eu me coloquei no lugar de uma pessoa sem deficiência e me senti tão feliz pela Ericona. Hoje posso dizer que sou feliz por ser do jeito que sou, feliz por ser motivo de inspiração pra muita gente, por poder mostrar uma outra visão de mundo, por sacudir uma vida aqui e acolá e dar um novo sentido a ela por algo que eu disse ou que esse vivente me viu fazendo.
Eu chorei muito nessa reunião, muito mesmo. De felicidade, de sentimento de plenitude, de superação dos meus medos, dos meus traumas. Medo de ser excluída pela sociedade por ter um rosto esquisito segundo os padrões de beleza que a sociedade conhece, uma face paralisada, pela minha má dicção devido a paralisia facial.
Hoje, através do esporte e das vivências que tive, sou uma pessoa muito mais desinibida, muito mais destemida.
Hoje eu converso com qualquer pessoa normalmente, sem me sentir tensa, com medo de que a pessoa não entenda o que eu falo. Eu me aceito mais.
É assim que eu sou? Então beleza, vamos viver, mas vamos viver mesmo, com toda a nossa forçaa, com todo o nosso vigor. Porque, caramba, a vida é só uma. É aqui e agora.
Amanhã será a competição. Um dia de competição, duas etapas. Pela manhã, começa às 8h30. À tarde, começa às 15h30.
O que tenho a dizer mais? Que eu amo a natação, que eu amo o que eu faço, que eu me amarro em nadar, adoro essa emoção maravilhosa de competição.
Mas há algo mais que eu preciso dizer: DIEGO CALADO, NÓS, EQUIPE DE NATAÇÃO DA ADEFAL, AMAMOS MUITO, MUITO MESMO VOCÊ!
Falo por todos, mas acrescentando mais do que eu sinto por você. Te vejo como um pai, cara. Um pai suuuper novo, né? Tem idade pra ser meu irmão mais velho, mas eu te vejo como pai pelo teu amor a equipe, pela tua dedicação incondicional, por ser essa pessoa maravilhosa e um ser humano singular, admirável pelo que é, mas, sobretudo, pelo que faz. Muito obrigada por fazer parte da minha vida. Você é parte essencial dela. Eu amo MUITO você.
Todo o esforço que você fez, faz, está fazendo e fará pela natação paralímpica e pelo esporte paralímpico em geral um dia será reconhecido da maneira que se deve. Porém, cara, o mais lindo reconhecimento você já tem: o nosso.
Não foi à toa que a equipe toda chorou quando você, todo emocionado, disse: "Cara, isso aqui é a minha vida...", em um momento da reunião. Nós somos parte fundamental da sua vida e você, da nossa.
Okay, escrevi demais.
Só queria dizer que eu estou imensamente feliz de estar aqui com meus queridos companheiros de piscina e o Diegão, o técnico mais sensacional que há.
E AMANHÃ VAMOS COM TUUUUDO! TUDO e mais um pouco!
Nadaremos com forca, faremos nosso melhor! E é isso que importa.
ORGULHO DE SER ATLETA PARALÍMPICA! ORGULHO DE TER DIEGO CALADO COMO TÉCNICO!
Fiquem na torcida!
VAMOOOOOOOOOOOOOOOO, NATAÇÃO ADEFAL!

A segunda facebookada foi publicada no dia 10/12:

O sorrisão mais sincero do mundo inteiro é esse daí.

Fico revendo as fotos do V Meeting Cearense de Natação Paralímpica e meu coração se enche de alegria, de contentamento, de plenitude, de um sentimento de total realização.
O V Meeting Cearense de Natação Paralímpica não foi "apenas mais uma competição". Foi "a competição", pelo menos pra mim. Foi "a prova dos nove".
Passei maus bocados no final de 2012 até mais ou menos metade de 2013. Passei vários meses sem treinar acorrentada pela Síndrome do Pânico, que me fazia sentir coisas terríveis, verdadeiras amostras grátis da morte. Foram tempos de tempestade.
Porém, então veio o sol. Depois do meio do ano, as coisas foram se encaixando, o tratamento para ansiedade fazendo efeito e eu vi a minha vida voltar ao normal. Comecei, aos poucos, a pensar em alto rendimento, pensando em competições novamente. E voltei a treinar. Entretanto, eu era mais de palavras do que ações. Não tem por que ocultar que, por falta de planejamento de minha parte, não finalizo o ano com tempos considerados bacanas para quem - por enquanto, espero - se enquadra na classe s9.
Eu sabia que nessa competição a minha maior meta era conseguir concluir as nove provas nas quais me inscrevi. Não eram tempos. Não poderia me cobrar, já que não tinha dado meus cem por cento em treinos. E cumpri minha missão. Concluí minhas provas.
Fiquei MUITO nervosa nos 50m livre (primeira prova da competição), muito mesmo, mas não a ponto de me dar um treco e uma vontade de sair correndo. Ansiedade normal, mesmo. À medida que ia nadando minhas provas, ia relaxando. Na minha prova final (200m medley), estava tranquila. Consegui fazer meu nado do melhor modo que eu pude. Saí feliz da vida da piscina.
Posso cantar, a plenos pulmões, essa canção: "Ei, medo! Eu não te escuto mais. Você não me leva a nada... ".
Que a vida continue assim: leve, bonita, florida e doce. Alguns espinhos aparecem, mas agora já tenho força pra passar por eles sem me deixar abalar.
Diego, você é demais! Obrigada por estar sempre comigo no período em que estive afastada da natação. Obrigada pelo apoio incondicional.
Neusvaldo Wanderley, você também colaborou para que eu buscasse forças e continuasse a nadar. Muito obrigada, meu amigo.
E VAMO QUE VAMO! Porque eu voltei, e agora é pra ficar!
Em Fortaleza, revi pessoas que admiro na natação paralímpica, conheci outras pessoas igualmente admiráveis. Todos me receberam tão bem, me deram boas-vindas de uma maneira tão linda. Senti-me imensamente acolhida por cearenses, baianos, paulistas e mato-grossense (sim, no singular, porque de mato-grossense só tinha o Alisson Ampolini ~risos~).
Enfim, esse Meeting foi especial demais pra mim, foi um recomeço.
Obrigada, Fortaleza! Foi lindo!

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Logo mais volto com os meus posts tresloucados, meus contos mal contados, meus poemas tortos e meus comentários supersinceros sobre os livros que li e os filmes que vi.
Aguardem-me, porque não demoro a voltar aqui.
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Um abraço da @ericona.
Hasta la vista!