Sonhe Mais - Reconstruindo a vida após a perda
Jai Pausch
Novo Conceito
256 páginas
☺☺☺
Jai Pausch passou por um trauma: a perda do marido para um câncer de pâncreas. A enfermidade de Randy Pausch também destruiu as verdades e as certezas em que Jai acreditava.Pega de surpresa pela doença, que avançou rapidamente, Jai Pausch precisou inverter suas prioridades. Acostumada a cuidar da família, percebeu que aquele era, também, o momento de cuidar de si mesma, porque, do contrário — caso fraquejasse —, sua família não sobreviveria. E, apesar de todas as alterações pelas quais passou, foi capaz de registrar a maior parte de suas experiências, dúvidas e medos.Este registro acabou se constituindo num relato vigoroso sobre como a morte muda o relacionamento entre as pessoas e sobre como é possível sobreviver, passo a passo, a essas mudanças.Sonhe Mais é referência para todos os que estão vivendo uma fase de transição e é leitura obrigatória para aqueles que passaram, ou estão passando, por um momento de dor.
Uma das doenças mais devastadoras é o câncer, seja qual o tipo que for. O de pâncreas, segundo as informações repassadas no livro Sonhe Mais, é extremamente cruel e a chance de sobrevivência é pequena.
Imagine que você encontra o homem da sua vida, se apaixona, se casa, dá a luz a três crianças e forma uma linda família... Até o dia em que o câncer de pâncreas resolve bater à sua porta, escolhendo o amor da sua vida para ser a mais nova vítima dele. Foi isso que aconteceu a Jai Pausch.
Em Sonhe Mais, Jai Pausch fala sobre o impacto do câncer em sua vida e de seus filhos, desde o terrível diagnóstico até após a morte de seu esposo, Randy Pausch, autor do best-seller A lição final (que ainda não li, mas, depois de ler esse da Jai, preciso ler o de Randy).
Ao saber da doença do marido, Jai fica desnorteada e seu coração e mente se enchem de medo e insegurança. Na época do diagnóstico, dois de seus três filhos, Logan e Chloe, eram muito pequenos pra entender o que era câncer e a devastação que ele poderia causar. Aliás, Chloe era apenas um bebê. Já Dylan, de personalidade perspicaz e que demonstrava até um amadurecimento além da idade que tinha, entendeu, à seu modo, o que acontecia ao seu redor. Jai entendia que era uma doença grave, e era esse o motivo da sua agonia; o que a aliviava era que sabia que ela e Randy iriam buscar os melhores e mais eficazes tratamentos para que, juntos, vencessem a guerra contra o câncer.
No começo, isso deu certo. Randy passou um tempo incrivelmente bem, sem sentir os sinais do câncer... E então, ele voltou. Voltou com força total, infelizmente. Metástase. E foi-se as chances de cura e de vencer o câncer. Randy morreria. Jai ficaria sozinha com as três crianças para criar.
Randy sempre foi um homem pragmático, Jai nos conta, que sabia deixar o sentimentalismo de lado quando precisava agir racionalmente, principalmente porque ele amava imensamente Jai e as crianças e queria fazer de tudo que era possível para que todos eles pudessem ter uma vida com menos empecilhos e dificuldades possíveis após a sua morte.
Além de fazer tudo que era possível para garantir que Jai e seus filhos ficariam o mais seguros possíveis quando o perdessem, Randy, graças ao sucesso da sua palestra na Carnegie Mellon University, que se transformou em livro, que citei no começo da resenha, começou a sua luta para chamar a atenção das pessoas, sobretudo do governo, para angariação de mais fundos para pesquisa sobre o câncer, em especial ao de pâncreas.
Randy concedeu diversas entrevistas a jornais, revistas e programas televisivos. Conheceu e encantou Oprah Winfrey e toda a sua plateia. Todos os que assistiram a sua palestra na Carnegie Mellon ficaram chocados como um homem à beira da morte poderia manter o bom humor e o autocontrole. Todos que assistiam as suas entrevistas ficavam encantados com a maneira sensata e nada angustiada com a qual ele encarava a morte iminente.
Jai nos conta e reconta sobre o pragmatismo de Randy e sobre como ele encarou a morte de uma maneira que poucos encarariam. Um dos tópicos que dilaceravam o coração de Randy e fazia o dobrar-se em dor era o fato de os filhos não puderem tê-lo no futuro, e vice-versa. No mais, Randy tinha êxito em se manter firme, sem titubear, com a aproximação da morte. Então, o câncer foi o debilitando mais e mais, até que Randy faleceu.
Jai não sofreu um baque, digamos, porque era algo iminente e irreversível. Porém, mesmo assim, ela sentiu a dor, a perda; e, principalmente, o medo de não dar conta da criação de três crianças e administrar um lar a tomou com toda a força. Ela confessa que não tinha o pragmatismo de Randy, no qual ela se apoiou por anos, por isso foi tão difícil se adaptar à nova realidade. Contudo, Jai, à seu modo, com a ajuda de familiares e amigos, conseguiu driblar as dificuldades e executar as tarefas como mãe e como administradora de um lar. Mesmo antes de Randy morrer, a família Pausch teve o apoio de familiares e amigos nos cuidados com as crianças e a casa.
Embora a minha resenha fale mais de câncer e de Randy, o foco do livro de Jai é o/a cuidador(a). Jai teve sua experiência como cuidadora e ressalta a importância dos centros de oncologia darem mais visibilidade ao cuidador, em vez de somente ao paciente. Porque, segundo Jai, o/a cuidador(a) sofre bastante ao ver seu ente querido passando por coisas terríveis sem puder ajudar de forma eficaz, pra aliviar as dores e arrancar o sofrimento de quem ama. Consequentemente, isso causa um sentimento de frustração, mesmo que, conscientemente, saibam que não podem fazer mais do que já fazem. Acompanhamento terapêutico é extremamente importante nesses casos.
Eu poderia dizer que me compadeci da dor de Jai e que ela se tornou uma amiga que eu não conheci, não conheço e muito provavelmente nunca vou conhecer. Sim, me compadeci da dor dela, mas não consegui criar um laço com Jai. Notei uma certa imaturidade em algumas passagens, nas quais ela se preocupava com questões irrelevantes enquanto seu marido estava morrendo. Percebi um egoísmo da parte dela em alguns momentos que ela descreveu, e isso me fez gostar um pouco menos de Jai e tomar mais partido de Randy.
Dei três estrelas ao livro pela história de Randy, sua trajetória e pelo fato de ter conseguido visualizar um Randy além do que Jai descrevia. Entendo a preocupação de Jai com os cuidadores, e acho esse fato relevante e que deve ser visto com mais cautela, mas creio que ela fez o livro mais como um exorcismo, meio que para se desculpar com alguém, meio para se justificar sobre algumas atitudes que tomou e, no final, para inspirar pessoas a não desistirem da vida, não importa quantas vezes os seus sonhos sejam despedaçados.
O projeto gráfico da capa ficou magnífico. A textura de toda a parte externa do livro é uma delícia. A Editora Novo Conceito, sem dúvida, está de parabéns pelo trabalho.
Na sinopse diz que é um livro para quem está vivenciando um processo de transição ou que está passando ou passou por um momento de dor. Vou além: creio que é um livro para que possamos "pensar fora da caixa". Há quem tenha medo de ler sobre coisas doloridas, porque, obviamente, consternam e incomodam. Entretanto, eu prefiro ler tais livros, de quando em quando, para sair da zona de conforto, para vivenciar novas realidades, por mais contundentes que elas sejam. Indico a todos que não temem chorar a dor do outro.
Por fim, curiosa do jeito que sou, não poderia deixar de procurar os vídeos de Randy Pausch. Vi o resumo de uns e, pelo pouco que vi, Randy fez jus ao que Jai disse no livro: era um homem que tinha um brilho no olhar, uma vivacidade invejável e uma desenvoltura ao falar que impressionava e cativava a plateia. Preciso ver toda a palestra que ele concedeu na Carnegie Mellon, que está disponível no YouTube.
Deixarei aqui embaixo a primeira parte da palestra:
Imagine que você encontra o homem da sua vida, se apaixona, se casa, dá a luz a três crianças e forma uma linda família... Até o dia em que o câncer de pâncreas resolve bater à sua porta, escolhendo o amor da sua vida para ser a mais nova vítima dele. Foi isso que aconteceu a Jai Pausch.
Em Sonhe Mais, Jai Pausch fala sobre o impacto do câncer em sua vida e de seus filhos, desde o terrível diagnóstico até após a morte de seu esposo, Randy Pausch, autor do best-seller A lição final (que ainda não li, mas, depois de ler esse da Jai, preciso ler o de Randy).
Ao saber da doença do marido, Jai fica desnorteada e seu coração e mente se enchem de medo e insegurança. Na época do diagnóstico, dois de seus três filhos, Logan e Chloe, eram muito pequenos pra entender o que era câncer e a devastação que ele poderia causar. Aliás, Chloe era apenas um bebê. Já Dylan, de personalidade perspicaz e que demonstrava até um amadurecimento além da idade que tinha, entendeu, à seu modo, o que acontecia ao seu redor. Jai entendia que era uma doença grave, e era esse o motivo da sua agonia; o que a aliviava era que sabia que ela e Randy iriam buscar os melhores e mais eficazes tratamentos para que, juntos, vencessem a guerra contra o câncer.
No começo, isso deu certo. Randy passou um tempo incrivelmente bem, sem sentir os sinais do câncer... E então, ele voltou. Voltou com força total, infelizmente. Metástase. E foi-se as chances de cura e de vencer o câncer. Randy morreria. Jai ficaria sozinha com as três crianças para criar.
Randy sempre foi um homem pragmático, Jai nos conta, que sabia deixar o sentimentalismo de lado quando precisava agir racionalmente, principalmente porque ele amava imensamente Jai e as crianças e queria fazer de tudo que era possível para que todos eles pudessem ter uma vida com menos empecilhos e dificuldades possíveis após a sua morte.
Além de fazer tudo que era possível para garantir que Jai e seus filhos ficariam o mais seguros possíveis quando o perdessem, Randy, graças ao sucesso da sua palestra na Carnegie Mellon University, que se transformou em livro, que citei no começo da resenha, começou a sua luta para chamar a atenção das pessoas, sobretudo do governo, para angariação de mais fundos para pesquisa sobre o câncer, em especial ao de pâncreas.
Randy concedeu diversas entrevistas a jornais, revistas e programas televisivos. Conheceu e encantou Oprah Winfrey e toda a sua plateia. Todos os que assistiram a sua palestra na Carnegie Mellon ficaram chocados como um homem à beira da morte poderia manter o bom humor e o autocontrole. Todos que assistiam as suas entrevistas ficavam encantados com a maneira sensata e nada angustiada com a qual ele encarava a morte iminente.
Jai nos conta e reconta sobre o pragmatismo de Randy e sobre como ele encarou a morte de uma maneira que poucos encarariam. Um dos tópicos que dilaceravam o coração de Randy e fazia o dobrar-se em dor era o fato de os filhos não puderem tê-lo no futuro, e vice-versa. No mais, Randy tinha êxito em se manter firme, sem titubear, com a aproximação da morte. Então, o câncer foi o debilitando mais e mais, até que Randy faleceu.
Jai não sofreu um baque, digamos, porque era algo iminente e irreversível. Porém, mesmo assim, ela sentiu a dor, a perda; e, principalmente, o medo de não dar conta da criação de três crianças e administrar um lar a tomou com toda a força. Ela confessa que não tinha o pragmatismo de Randy, no qual ela se apoiou por anos, por isso foi tão difícil se adaptar à nova realidade. Contudo, Jai, à seu modo, com a ajuda de familiares e amigos, conseguiu driblar as dificuldades e executar as tarefas como mãe e como administradora de um lar. Mesmo antes de Randy morrer, a família Pausch teve o apoio de familiares e amigos nos cuidados com as crianças e a casa.
Embora a minha resenha fale mais de câncer e de Randy, o foco do livro de Jai é o/a cuidador(a). Jai teve sua experiência como cuidadora e ressalta a importância dos centros de oncologia darem mais visibilidade ao cuidador, em vez de somente ao paciente. Porque, segundo Jai, o/a cuidador(a) sofre bastante ao ver seu ente querido passando por coisas terríveis sem puder ajudar de forma eficaz, pra aliviar as dores e arrancar o sofrimento de quem ama. Consequentemente, isso causa um sentimento de frustração, mesmo que, conscientemente, saibam que não podem fazer mais do que já fazem. Acompanhamento terapêutico é extremamente importante nesses casos.
Eu poderia dizer que me compadeci da dor de Jai e que ela se tornou uma amiga que eu não conheci, não conheço e muito provavelmente nunca vou conhecer. Sim, me compadeci da dor dela, mas não consegui criar um laço com Jai. Notei uma certa imaturidade em algumas passagens, nas quais ela se preocupava com questões irrelevantes enquanto seu marido estava morrendo. Percebi um egoísmo da parte dela em alguns momentos que ela descreveu, e isso me fez gostar um pouco menos de Jai e tomar mais partido de Randy.
Dei três estrelas ao livro pela história de Randy, sua trajetória e pelo fato de ter conseguido visualizar um Randy além do que Jai descrevia. Entendo a preocupação de Jai com os cuidadores, e acho esse fato relevante e que deve ser visto com mais cautela, mas creio que ela fez o livro mais como um exorcismo, meio que para se desculpar com alguém, meio para se justificar sobre algumas atitudes que tomou e, no final, para inspirar pessoas a não desistirem da vida, não importa quantas vezes os seus sonhos sejam despedaçados.
O projeto gráfico da capa ficou magnífico. A textura de toda a parte externa do livro é uma delícia. A Editora Novo Conceito, sem dúvida, está de parabéns pelo trabalho.
Na sinopse diz que é um livro para quem está vivenciando um processo de transição ou que está passando ou passou por um momento de dor. Vou além: creio que é um livro para que possamos "pensar fora da caixa". Há quem tenha medo de ler sobre coisas doloridas, porque, obviamente, consternam e incomodam. Entretanto, eu prefiro ler tais livros, de quando em quando, para sair da zona de conforto, para vivenciar novas realidades, por mais contundentes que elas sejam. Indico a todos que não temem chorar a dor do outro.
Por fim, curiosa do jeito que sou, não poderia deixar de procurar os vídeos de Randy Pausch. Vi o resumo de uns e, pelo pouco que vi, Randy fez jus ao que Jai disse no livro: era um homem que tinha um brilho no olhar, uma vivacidade invejável e uma desenvoltura ao falar que impressionava e cativava a plateia. Preciso ver toda a palestra que ele concedeu na Carnegie Mellon, que está disponível no YouTube.
Deixarei aqui embaixo a primeira parte da palestra:
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Antes do dia 31, pretendo iniciar e finalizar um livro bem bonitinho, também que recebi de parceria com a Novo Conceito, chamado O amor mora ao lado, da Debbie Macomber, para finalizar o ano de um jeito bem adorável.
Espero que resenha tenha ficado bacana. Confesso que ficou maior do que o que eu previa, e olhe que me esforcei pra ser sucinta, mas não obtive êxito, como puderam ver.
(...)
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(...)
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Um abraço da @ericona.
Hasta!