Hoje estava pensando na grandeza da vida.
É tão grande viver. Tanta coisa espero de uma vida. Tanta coisa eu espero da minha vida. Tanta coisa quero ler. Queria, até, escrever um livro ou coisa assim. Mas não, acho que não tenho todo o conhecimento e todos os requisitos para tal. Quero ser uma grande nadadora. Quem sabe até bater um recorde mundial. Eu tenho tantos sonhos. Tantos desejos. Quero provar de tantos perfumes. Viver um grande amor. Chorar de alegria. Rir da tristeza. Quero ser mais, mais do que eu sou hoje e mais do que eu penso que quero ser amanhã. Tenho uma fome tão grande de viver. Mas os meus medos parecem bloquear os meus pés para não andar nos lugares que anseio ir, eles dizem que eu vou cair e me ferir; bloqueiam minhas mãos para não tocar as flores do meu destino, meus medos sopram ao meus ouvidos que aquelas flores têm espinhos; bloqueiam meus olhos para que eu não veja a beleza do céu, mesmo nublado, meus medos dizem que vai chover e que eu vou me molhar. Tenho muitos medos, vários devaneios. Tenho medo de me magoar, de me ferir; de morrer de dor, de amor. Sei que não posso temer certas coisas, não a ponto de não viver. Preciso vencer, saltar as barreiras dos medos que me rodeiam. Danem-se os meus medos. Danem-se tudo aquilo que me impede de viver. Eu preciso viver, independente de tudo o que me amedronta. O tempo é curto. Os medos existem, a vida também. O relógio não perdoa, não espera. Não posso esperar o medo me abandonar. Eu que devo mandá-lo embora, e sem demora. Ah, hoje a ânsia de viver entrou em minhas veias. Espero que essa ânsia não me abandone e com ela me traga a coragem, a insistência, a fé para encarar e vencer os meus medos e tudo que me impede de ouvir, de falar, de sentir, de ser uma viva efetiva e, finalmente, viver.
(Erica Ferro)