12/09/13

Segunda chance


Ele estava no bar com um de seus amigos a tira colo, como sempre seu humor andava péssimo desde o término do seu namoro com a garota mais incrível que ele conhecera. Sinalizou para o barman e enquanto sua dose de uísque era servida, ele observava o movimento sem qualquer interesse.
Ele tinha sido um tolo com Alexandra, e sabia disso. Traiu-a, não com a melhor amiga de Alexandra, mas com a mulher que mais fez mal a ela em toda a sua vida. O que fez Alexandra odiá-lo ainda mais. Desde o término, ele remoía aquilo todos os dias, toda a situação, desde quando conheceu Pérola até o dia em que Alexandra os pegou juntos, na cama.
Ele sabia o que tinha feito de errado e por mais que quisesse falar com Alexandra, sabia que ela nunca o ouviria. Ele conhecia aquela mulher como a palma de sua mão e sabia que ela era orgulhosa o suficiente para viver sem ele.
Nesse momento seu celular vibrou novamente, era outra mensagem da Pérola. Aquela mulher era o diabo em curvas e sensualidade e tudo o que ela dizia o levava mais e mais a sepultura.
Pérola era o diabo em forma de mulher escultural; mas, sobretudo, era o diabo por causa das suas artimanhas. Pedro não entendia bem como ela fazia, apenas se via, constantemente, enfiado nos joguetes de Pérola. Ele mais parecia um ventríloquo nas mãos diabólicas daquela mulher. O que é que ela tinha? Como conseguia dominá-lo tanto? Que espécie de mulher ela era? E que poder de persuasão era o que ela tinha? Era algo fora do normal, decididamente.
Na fatídica noite em que Alexandra os pegou juntos, bem, ele ainda estava embebido em perfeita confusão quando ela abriu a porta do seu quarto. Pérola era sexy como o inferno e ele não sabia ao certo como foi parar em cima daquela mulher. Claro, eles estavam transando, mas tudo o que tinha na cabeça de Pedro era uma névoa densa que o deixava muito confuso com relação a tudo.
Pedro sempre foi um rapaz muito tímido, mas muito dócil também. Por ser tímido e dócil, carregava uma inocência pouco comum nos dias de hoje. Não era um anjo, tinha seus defeitos e pecadilhos na bagagem da sua existência, contudo, depois que viu Pérola, numa noite voltando da casa de Alexandra, ele foi realmente apresentado ao mundo do pecado.
Alexandra sempre foi a garota perfeita, tinha um emprego seguro, casa, carro e um gato; mais conhecido como Café. Eles começaram a namorar ainda no terceiro ano da universidade, isso foi há cinco anos. O tempo passou, ele mudou, porém Alexandra não. O sexo entre eles ficou tedioso, assim como o namoro, dias e horários certos pra se verem, tudo perfeitamente controlado.
Todavia, com Pérola as coisas eram diferentes. Ela ligava para ele com mais frequência que Alexandra e seus diálogos eram mais quentes que qualquer transa. Ele estava inebriado com tudo o que Pérola podia lhe oferecer, entretanto ainda amava Alexandra.
Com Pérola, era só sexo, um sexo louco, extremamente devaneado. Podia-se dizer que uma relação selvagem, focada no lado carnal. Ele achava que gostava disso. Achava, porque, se tratando de Pérola, ele não tinha certeza alguma. Eram só achismos. A mulher era um enigma. Um delicioso enigma, bem sabia ele. Entretanto, ela era um enigma que ele não sabia decifrar. 99% das vezes, essa falta de conhecimento de quem era Pérola, o frustrava e nem a devassa que ela era na cama o salvava da frustração. Ele não amava Pérola. Ele era viciado, inconscientemente, em Pérola. Era como se Pérola fosse uma droga. Sim, uma droga da qual ele precisasse de doses cada vez maiores, por mais que ele soubesse que aquilo só o fazia afundar ainda mais no caos e na destruição. Alexandra era o seu anjo, o seu porto seguro. Era, do verbo não é mais. E o pior: ela era decidida. Ela não o perdoaria, não voltaria atrás em sua decisão. Seu adeus foi definitivo. Pedro estava perdido. Não havia mais amor em sua vida, nem paz. Agora tudo que ele tinha, ou achava que tinha, era Pérola. Mas Pérola era de alguém? Logo Pérola, o espírito mais livre que ele já teve a chance de conhecer? Não, ele não tinha Pérola. Ele não tinha nada. Pérola jogava com ele, o tempo todo. E ele nem sabia quais eram as regras do jogo. Pressentia, naquele momento sentado numa mesa de bar, que perdera o jogo. Perdera no amor, perdera na paixão tresloucada com Pérola. E agora, o que o restava?
Enquanto Pedro tinha seu momento epifania na mesa do bar, Mayara o observava. Ela o via com determinada frequência; e pelas informações que conseguiu coletar, sabia o que esse homem alto e belo havia feito, contudo ela não se importou com nada disso. Afinal, todos cometiam erros e estavam sujeitos às consequências.
Ela tomou coragem e foi até sua mesa. Demorou cerca de cinco minutos até que Pedro a notasse e quando ele o fez, algo dentro dele se iluminou. Talvez por culpa do álcool, talvez por culpa da sua epifania. Ele decidiu, naquele instante, que talvez, apenas talvez, a vida lhe desse uma segunda chance de fazer as coisas direito.

(Rebeca Postigo & Erica Ferro)

* * * 
Ah, quanto tempo que eu não escrevia nada em parceria! E hoje, meio que do nada, surgiu a vontade de escrever em parceria, assim, no improviso, sobre qualquer coisa. Chamei a Becka, guria arretada e blogueira desde sempre, mas que voltou às boas com a blogosfera há poucos dias: "e aí, Becka, vamos escrever um conto em parceria agora?". Ela aceitou numa boa e deu nisso daí que vocês leram acima. Gostaram? Aprovam-nos no "rol das parcerias que dão certo"?
Espero que sim!
(...)
Sigam o blog no Twitter e curtam no Facebook.
(...)
Um abraço da @ericona.

9 comentários:

  1. Ah meninas, vocês são demais! Escrevem muito bem! Que história mais maluca!! AMEI.
    Acho que já fui meio Pérola com uma pessoa, mas hoje sou Alexandra (só espero que Rapha não seja como o namorado de Alexandra e me sacaneie hehe).

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  2. Tudo que digo é: vocês são pessoas com muito amor no coração. hahaha

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  3. kkkkkkkk..... eu adorei isso!!! mas cade os detalhes sodidos e carnais da estoria?? rsrsrsr... tô brincando, ficou bom assim. Bjos meninas!

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  4. Gostei ficou muito legal! parabéns!

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  5. Ferro, fiquei com medo, pois me coloquei como Alexandra e já queria rodar a baiana com a Pérola!! Hahahaha.

    E olha, menina, me dê um final sobre a Alexandra, porque fiquei agoniada, tadinha... (brincadeiiiira!). Mas o que isso quer dizer é que eu senti o texto, me senti... e isso em decorrência de que ele foi bem escrito, teve vida!

    Parceria mais do que aprovada, Ferrita!

    Beiiiijos!

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  6. Palmas pra chata da Wrica!
    Uau!
    Conheço tantos Pedros. Quando o relacionamento fica cheio de regras, dias certos pra tudo. 90% dos homens, e ate mulheres por que não? Estão sujeitos a achar uma pérola da vida e viver essa loucura, essa dominação.
    Quanto a Alexandra talvez um dia se arrependa, é o mal de toda pessoa orgulhosa, ai Pedro talvez esteja feliz com Mayara se não cometer os mesmos erros.

    Show o texto!

    Beijos

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  7. em parceria? nunca escrevi nada com alguém. imagino que seja difícil. sou meio egoísta com as minhas ideias. mas, menina, adorei o conto de vocês. uma temática simples com uma conclusão legal
    {Emilie Escreve}

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  8. Parabéns pelo texto meninas, vocês escrevem bem!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  9. Mas o que foi isso, gente? Estou aqui em êxtase com essa história louca. Sei que é um conto, mas pelas entrelinhas sempre ficamos com um gostinho de "quero mais" e de saber mais... Fiquei imaginando "n" coisas sobre o porquê de Pérola e Alexandra se odiarem tanto desde sempre. E como a Alexandra ficou no final. Que coisa! rs

    Aprovadíssima a parceria, gurias arretadas! :)

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