13/02/14

Quem dera...


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Quem dera fosse só a distância física. Quem dera fosse só a gritante diferença de estatura. Quem dera fosse só porque ele é calmaria e eu sou explosão. Quem dera fosse só por isso que ele e eu não podemos ser nós.
É mais que isso. Ele e eu não podemos nos atar porque aparentemente as nossas aparências não combinam. Ele é do tipo escultural, bonitão, galã e galante. Eu, apenas uma moçoila com o coração cheio de sonhos e um rosto estranho. Quem dera a única barreira fosse ele encontrar em mim algo que somasse ao que ele é, algo que iria mudar algum aspecto da vida dele, que iria dar a ela mais cor, mais brilho... Sei lá, que o faria mais feliz do que é sem mim. Quem dera. Contudo, não é assim. A sociedade está fundamentada em ideologias ridículas. Um casal bonito não é um casal que se dê bem e que faça bem um ao outro, mas sim aquele que tem os dentes mais brancos possíveis graças a clareamento dental, de olhos claros, de sorriso largo, de traços impecáveis na face para sair na revista Casal Perfeito. O que fugir a isso é uma ofensa a essa sociedade, que tanto preza pelo ter, pelo parecer, e nada, nada mesmo, pelo ser. Um casal de feios, vá lá. As pessoas meio que deixam passar, não sem cutucar e ridicularizar. Mas okay, deixam. Porém, se um do par for meio capenga, meio fora do padrão aceitável por essa sociedade alienada e cruel, que cultiva ideias discriminatórias e deploráveis, duras provocações serão direcionadas ao casal, especialmente ao par bonito da história, ao que deveria estar com alguém igualmente agradável aos olhos carnais, que só pode estar louco e que alguém precisa fazer algo antes que esse ser fisicamente perfeito se atrele a alguém de aparência tão horrenda.
É por essas e outras que ele e eu não podemos conjugar o verbo na primeira pessoa do plural.
Só os belos têm o direito de se unirem, de se amarem e desfilarem pelas ruas seus amores, mesmo que sejam de plástico.
Eu, que o amo, estarei fadada a condição de amar sem tê-lo perto, sem ter a possibilidade de tocá-lo. Eu, que não sou Roberto Carlos de saia, mas tenho o amor maior do mundo pela pessoa que é mistério e doçura, assim, ao mesmo tempo, pra mim. É o doce mistério que eu adoraria desvendar.
Mas não, meu amor, não dá. Não é? Não dá...

Erica Ferro

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Hasta!

9 comentários:

  1. Ei Erica

    Lindo texto! Adorei. ^^
    E é realmente assim mesmo, as pessoas olham muito as aparências e falam e apontam, quando deveriam cuidar mais da própria vida. Morro de preguiça.
    Mas acho também que se a pessoa em questão, amasse realmente, ela perceberia a pouca importância que tudo isso tem não é?
    bjs

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  2. Perfeição...
    Palavra tola e sem sentido nos dias de hoje...
    Afinal, o que é ser perfeito?
    Quem responder a esse questionamento de maneira clara e óbvia terá meu respeito...
    Somos pessoas e cada um é diferente do outro...
    O que seria do vermelho se todos amassem o azul?
    Perfeição é só mais uma desculpa tola para um mundo tolo...
    Porque o perfeito simplesmente não existe...

    Bjo, bjo!!!

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  3. Amei o texto! Vc escreve mt bem, e eu concordo com td q vc disse...

    Amei seu blog, se puder faça uma visita ao meu tbm :)
    livroinfinito.blogspot.com.br

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  4. Amei o texto. Muito bem escrito e expressou bem os sentimentos.

    Blog Prefácio

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  5. Olá Érica, tudo bem? Nossa...vim aqui e estou saindo te aplaudindo. Muito bom o texto,reflexivo e costurado com belos argumentos. Realmente a sociedade descrimina muitas pessoas por aparência, por ser quase ninguém dá devido valor...infelizmente. Espero que um dia essa situação mude, mas a ignorância dos seres humanos fala mais alto cada vez mais...lamentável!
    Bloody Kisses
    Monólogo de Julieta

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  6. Que texto lindo e triste. É verdade, não? A sociedade não deixa passar essa "assimetria" de casais tão facilmente. E com argumentos tão bobos de - você é bonita de mais pra ele ou vice versa. No fundo, estamos todos cativando insegurança e incertezas uns nos outros. Para sempre nos acharmos mais feios. Um mundo infeliz. Espero que nenhuma barreira social te segure muito. Você escreve muito bem. Beijos!

    http://corujando.org

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  7. Apesar do texto ser triste e um tanto quanto realista, continuo crendo no amor puro e idealizado, onde diferenças existem, mas são desprezadas.

    M&N | Desbrava(dores) de livros

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  8. Isso, minha querida, foi um grande desabafo feminista.

    Foi uma linda e tímida declaração.

    Um desesperado e sussurrado apelo para que nós PAREMOS de definir as pessoas como dignas ou não de fazerem parte do elenco desse filminho hipócrita que é a vida em sociedade.

    Suas palavras me sacudiram, Ericona. Mais uma vez.

    Beijo grande!

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  9. Ótimas palavras! Descreveu corretamente como esta a sociedade nos dias atuais, prezando somente pela aparência física uns dos outros, não se importando com o amor que as pessoas sentem e nem mesmo pelas causas que podem ter a ridicularização da pessoa publicamente.
    http://bibliaf.blogspot.com.br/

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