22/01/16

Filme: Anita

Título: Anita
Ano de produção: 2009
Direção: Marcos Carnevale
Duração: 104 minutos
Gênero: Drama
País: Argentina
Sinopse: Anita é uma jovem mulher com síndrome de Down que mora com sua mãe, Dora, que, além de mãe, é uma cuidadora extremamente zelosa. Na manhã de 18 de julho de 1994, Dora sai de casa para ir a Associação Mutual Israelita Argentina - AMIA resolver umas coisas, e deixa Anita em casa, lhe avisando que volta logo. No entanto, há um ataque a bomba na AMIA, e os tremores chegam a residência de Anita, destruindo parte da casa e dos móveis. Sozinha e sem entender o que está se passando, Anita sai às ruas. Nessa perambulação na procura por sua mãe, aprende a cuidar de si mesma, à sua maneira, e encontra algumas pessoas gentis e outras nem tanto assim, sempre as tocando de forma singular.

O ano é o de 1994 e a estória é a de Anita, uma jovem mulher com síndrome de Down que mora com a sua mãe, Dora, em Buenos Aires. Dora é extremamente cuidadosa para com Anita. Trata-a como uma boneca de porcelana, lhe faz Maria-chiquinha e lida com a filha como se esta fosse uma criança de, no máximo, cinco anos. Dora se esqueceu de que não possuía a dádiva da imortalidade e não criou uma Anita com o mínimo de autonomia, capaz de saber de si e dos outros.


Na manhã do dia 18 de julho de 1994, Dora informa a Anita que irá a Associação Mutual Israelita Argentina - AMIA para resolver umas questões, mas logo volta para casa. Poucos minutos depois que Dora saiu de casa, houve um trágico acontecimento: um atentado a bomba a AMIA, que matou 85 pessoas e deixou 300 feridas. O atentado se trata de um caso real e Marcos Carnevale, diretor dessa belíssima película argentina, teve tato para retratá-lo com fidedignidade e respeito às vítimas e seus familiares. O caos do atentado, todas aquelas pessoas perambulando pelas ruas, sofrendo por estarem feridas e/ou por seus parentes estarem desaparecidos ou mortos é o pano de fundo da odisseia de Anita.


A destruição causada pelas bombas chegou até a residência de Anita, destruindo uma parte da casa e dos móveis. Assustada, Anita saiu às ruas, desnorteada, procurando por sua mãe. Extremamente doce e pura, Anita não sabe o endereço de onde mora, o nome de sua mãe ou o número de telefone da sua casa ou de algum parente. Ela não foi criada para lidar com o mundo e as pessoas.


Nessa série de desventuras, Anita se depara com Felix, um fotógrafo com tendência ao alcoolismo, que tem como esporte reclamar da vida e se sentir o homem mais miserável do mundo. Ele permite que Anita fique em sua casa por dois dias e cuida dela da melhor maneira que consegue. No entanto, às vezes, nós, humanos, deixamos falar mais alto aquela máxima egoísta "O que eu tenho a ver com isso?" e lavamos nossas mãos.


Nossa Anita continua em sua caminhada, constatando o quanto as pessoas podem ser adoráveis, bem como podem ser desumanas. Eis que conhece Nori e seu irmão, que, se num primeiro momento não sabem lidar com Anita, logo descobrem o quanto ela é uma pessoa especial, doce e inteligente. Anita, de fato, é uma criatura encantadora e de uma capacidade muito maior do que sua mãe julgava que ela tinha. São eles que ajudam Anita a voltar para os seus familiares.


O atentado a AMIA foi uma dura lição sobre o valor da família para Ariel, irmão de Anita, que estava sempre ocupado demais para sua mãe e sua irmã. Somos muito procrastinadores no nosso dia a dia, ignoramos pedidos simples de quem amamos e que nos ama também, porque estamos muito atarefados para lidar com isso no momento. Erro terrível, pois deixamos passar oportunidades ímpares e desperdiçamos momentos que jamais hão de voltar. Deveríamos dar mais atenção àquele dito "Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje...".


A grande estrela do filme é Anita, que, com a sua doçura e olhar simples frente a vida, encanta a todos que passam por seu caminho. Acredito que um das grandes lições que o filme quer apresentar é justamente a irracionalidade do terrorismo. Terrorismo trata-se de atos bárbaros que destroem famílias e ceifam vidas. Não há nada que justifique atos assim. Nada. 
Outra mensagem fundamental que acredito que o filme busca passar é um alerta aos pais que protegem ao extremo os seus filhos com alguma síndrome e/ou deficiência, lidando com eles como se fossem bebês, como se os deficientes fossem incapazes de viver no mundo e de ter o mínimo de autonomia possível. Somos todos capazes de quebrar barreiras e de ir além do que acham que podemos ir. Com estimulação e uma excelente orientação, todas as pessoas podem ser capazes de feitos extraordinários, tendo uma deficiência ou não. 
E, por último, mas jamais menos importante, o filme é sobre gentileza, amor e simplicidade. A vida fica tão melhor quando adicionamos gentileza, amor e simplicidade aos nossos atos. Tudo bem que gentileza nem sempre gera gentileza, porque sempre existirão pessoas ranzinzas no mundo. No entanto, não é por isso que deixaremos de ser gentis. O amor deve ser sempre o Leitmotiv da nossa vida. Para o nosso cotidiano ser mais florido e a nossa vida ter cores vivas e bonitas, a nossa existência deve ser pautada na gentileza, no amor e na simplicidade. Assim, fica bem mais fácil viver!

O filme tem o ritmo certo para nos encantar, emocionar e nos fazer refletir sobre questões muito importantes acerca da vida e do viver. Para quem indico esse filme? Todos, sem exceção. É um filme com doses certas de agruras, doçura, amor e aprendizados.

Erica Ferro

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22 comentários:

  1. Olá! Nunca tinha ouvido falar desse filme e me encantei de cara. Amo filmes argentinos, eles tem uma doçura imensurável. Vou adicionar a minha listinha. Amei o post.
    Beijos,
    calmajedi.blogspot.com

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    1. Que bom que gostou do post. Vai gostar ainda mais do filme. ;)

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  2. Oi, Erica!
    Não conhecia o filme, mas fiquei encantada com seu post e já vou procurar se tem no netflix
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. Foi lá que eu vi, Luiza. ;) Depois me diz o que achou.

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  3. Olá, Erica,
    Ainda não conhecia esse filme mas achei que deve ser uma lição de vida. Acredito que todos os pais se pudessem colocava uma redoma sobre seus filhos. Eu tenho 34 anos e minha mãe se preocupa comigo como se tivesse 5. imagino os pais de quem tem alguma deficiência então. Mas é bem o que o filme fala e quando eles não estiverem mais aqui?

    Blog Prefácio

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    1. Verdades, pais são sempre assim com seus filhotes, com ou sem deficiência. Temos que aprender a voar, apesar de eles quererem sempre que estejamos debaixo de suas asas protetoras. Infelizmente, eles não são imortais, afinal.

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  4. O ritmo dessa tua resenha também me encantou e me deixou com muita vontade de ver esse filme o mais rápido possível. Concordo contigo, que os pais colocam os filhos em uma bolha e não os deixam viver, protegem demais, como se fosse imortais. Por um mundo com mais filmes como esse e mais campanhas que incentivem os pais a "libertarem" seus filhos das bolhas.

    Beijo
    Mundo de Nati

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    1. Pois veja, minha querida. Você vai adorar. É muito doce.

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  5. Oi, Erica! Tudo bem? Adorei a dica de filme. Há algum tempo um amigo havia me recomendado este longa, mas ainda não consegui vê-lo e confesso que até tinha me esquecido dele. Obrigado por me relembrar de "Anita"! Espero ver o filme em breve.

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

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    1. Ufa, que bom que te relembrei! Agora, não deixe de ver, pois. ;)

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  6. Eu ainda não conhecia esse filme, mas te agradeço do fundo do meu coração por você te-lo e resenhado e consequentemente eu te-lo descoberto. Esse filme, ao que tudo indica, deve ser encantador, e triste. Uma tristeza sutil e leve, que nos faz refletir sobre os muitos lados da face humana. Com toda certeza eu irei assistir.

    Abraços,

    Blog Decidindo-se \o/

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    1. Sim, é exatamente assim, Vinicius. Acho que você vai gostar.

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  7. Oi, Erica!
    Ah, que indicação maravilhosa. Acredito que já tenho ouvido falar sobre esse longa, não recordo bem, mas sem dúvidas é uma indicação fantástica. Irei procurar. Acho muito importante pais e/ou responsáveis por pessoas (deficientes ou não) darem liberdade e margem para o tal descobrir o mundo. Conheço exemplos incríveis disso e por mais que seja por proteção acaba virando privação.

    Beijão,
    Sofia - Lendo de Tudo

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    1. Verdade, Sofia. E proteção não pode se tornar privação.

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  8. Oie...
    Esse filme parece ser muito bom, com certeza nos emociona e faz refletir muito.
    Gostei de sua dica!
    Amei seu blog... Seguindo!

    coisasdediane.blogspot.com.br

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    1. Sim! Não deixe de assistir, viu? ;)
      O seu blog é ótimo também. :*

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  9. Oi, tudo bem?
    Ahhh, que lindo. Quero ver.
    Obrigada pela dica <3 não conhecia o filme.
    Bj


    @saymybook
    saymybook.blogspot.com

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  10. Oi, Erica!
    Esse filme é maravilhoso mesmo! <3 Lembro-me que o vi faz algum tempo e achei muito tocante a forma que ele aborda tudo, ele foi indicado pra mim por uma ex professora de literatura que tinha acabado de ganhar uma neta, uma bebê linda e muito especial. Assim como a Anita.
    Muito legal a sua indicação!
    Beijoss
    www.vidaemmarte.com.br

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    1. Que bom que você assistiu, Kathleen! O filme é maravilhoso mesmo e Anita é uma querida! <3

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  11. Oi tudo bem?
    Estava no netflix, e me interessei em ver este filme. Tenho uma irmã com sindrome de down, que é exatamente como Anita. Depedendente, talvez foi erro da minha família cuidar assim dela. Mas assim como todo Down, minha irmã é uma pessoa com um coração enorme, inocente, sem um pingo de maldade no coração, carinhosa e muito amorosa.
    Desde o primeiro minuto do filme, eu comecei a me emocionar e chorar, colocando-me no lugar das personagens, como minha família reagiria a algo assim, e como minha irmã passaria por isso.
    É um lindo filme, extremamente cheio de sensibilidade e amor.
    Recomendo muito!!!

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  12. Me surpreendi com o filme. Comecei a assistir despretensiosamente, mas a história é tão comovente que nos prende até o final. Muitas lições! Recomendo!

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