A meta de qualquer atleta, paralímpico ou olímpico, é melhorar as suas marcas e, consequentemente, passar das fases regionais, chegando às nacionais e, assim, sucessivamente. Essa era/é/sempre será a minha meta primordial. As marcas classificatórias para passar às nacionais baixaram imensamente esse ano. Foram diminuições realmente chocantes, que, acredito eu, ninguém esperava.
Enfim... foi um choque, um banho de água gelada, mas, passado esse momento de baque, minha equipe de natação da ADEFAL (Associação dos Deficientes Físico de Alagoas) e eu voltamos o nosso olhar para o que de fato deveria ser feito, que era nadar bem e dar o máximo para bater as marcas que dariam o passaporte para as nacionais.
No dia 14 de março, um dia antes da competição, eu passei por uma banca de classificação funcional. Desde 2004 que eu estava numa categoria na qual me sentia em desvantagem em relação às outras competidoras (pelo grau de deficiência delas ser menor que o meu). Não me aquietei até que consegui uma outra chance de rever a minha classe na natação paralímpica. Consegui isso ano passado, no Meeting Cearense de Natação Paralímpica. Pois então, a minha classificação funcional deu uma baita dor de cabeça nos classificadores pela complexidade da minha deficiência. Demorou a sair o resultado, mas a boa nova veio: entrei na categoria na qual creio estar em igualdade com as outras competidoras. Fiquei aliviada e muito contente com a notícia. Para mim, foi um dos melhores momentos da competição.
Passada a ocasião da classificação, mirei a minha atenção em descansar e relaxar, para nadar bem no sábado e no domingo. Contei com um apoio muito bacana de familiares, professores e amigos da Biblioteconomia, amigos virtuais e até uma torcida de um carinha que admiro bastante e que está em tudo que é canto na mídia, o meu querido Fabio Porchat. Não só ele, mas também a sua família (mãe, padrasto, irmã etc). Essas pessoas queridas, que nunca me viram pessoalmente gostaram de mim primeiramente pelas minhas palavras (para ser mais específica, um texto no qual mostrei um olhar diferente do qual se vê por aí sobre o tema deficiência), e depois passaram a acompanhar um pouco do meu cotidiano e do que eu faço como atleta e como universitária.
Digo, sem medo de exagerar, que foi uma das competições mais importantes da minha vida. Voltar a nadar o Circuito CAIXA foi emocionante, ainda mais em uma nova categoria, além de uma torcida maravilhosa, que me impulsionava por meio de mensagens positivas no Facebook, Whatsapp etc. Caramba, foi lindo demais! Venci, definitivamente, a Síndrome do Pânico nessa competição. Bateu uma ansiedade normal, típica de competição mesmo, mas nada além do normal e do esperado para um evento como esse. Para mim, foi outro dos momentos mais maravilhosos da competição.
Nadei todas as provas disponíveis no programa de provas, ou seja, caí na piscina sete vezes. Foram sete chances de mostrar a mim mesma que eu poderia nadar mais forte, fazer o meu melhor e sair feliz da piscina por isso. Tudo bem que chorei muito depois da minha primeira prova, 100m costas, porque acreditava muito que me classificaria para as nacionais nessa prova. No entanto, não consegui. Foi frustrante na hora, mas depois enxuguei as lágrimas e me concentrei nas outras seis provas que ainda iria nadar.
Consegui medalhar em todas as provas, foram seis ouros e uma prata. Os ouros vieram nos 100m costas, 100m livre, 50m livre, 200m medley, 400m livre e 100m borboleta. A prata foi nos 100m peito. Em relação às marcas que fiz, mantive algumas e melhorei um pouquinho em outras. Eu esperava resultados mais expressivos, claro, mas tenho a consciência de que dei o meu máximo nas provas que nadei. Estou tranquila quanto a ter feito o máximo possível em todas as vezes que saltei na piscina da UFRN. A classificação para as nacionais não veio porque o meu máximo não foi o suficiente para obter os índices. O foco daqui para frente só aumentará, com o intuito de fazer marcas mais significativas nas competições ao longo do ano.
O regional Norte/Nordeste 2014 foi incrível! Mudei de categoria, nadei tranquila, sem ansiedade desconcertante, conquistei medalhas e, sobretudo, revi nadadoras muito queridas por mim e estreitei laços com outras com as quais ainda não tinha tido um contato maior. No balizamento, era só alegria. Muita conversa, muita brincadeira, até mesmo para dar uma rasteira no nervosismo. O carinha do balizamento pediu silêncio umas tantas vezes e a gente ria ainda mais porque era muito engraçada toda a situação. Claro que sempre tem alguma criatura que tem uns ataques de estrelismo, mas é só não dar muita corda, que a pessoa se toca que está sendo tosca e para de abestalhamento (ou não, mas pelo menos fica conversando sozinha - risos -). E, carambolas saltitantes, a torcida foi a maior de todos os anos! Sim, já falei disso, mas quero fechar o texto falando novamente do apoio e carinho de um bocado de gente linda que "nadou comigo" nessa competição. É óbvio que o incentivo maior parte do próprio atleta, ele é quem se instiga a todo momento em pensamento, seja em treino ou em competição, mas, caramba, é muito lindo saber que mais pessoas acreditam em você e que, se pudessem, doavam um pouco de suas forças para você nadar ainda mais rápido e mais forte. Foi isso que senti em Natal, essa vibração positiva, reconfortante e maravilhosa.
Meus familiares, em especial meus pais e meu irmão, vocês foram ótimos! Muito obrigada pelas ligações, mensagens de incentivo e de "estamos com você, independente de qualquer coisa!". Meus amigos, do mundo "real" e/ou virtual, vocês foram sensacionais, me mandando mensagens lindas, comentando coisas belíssimas nas minhas fotos e me dando um suporte incrível em toda a competição. E, por fim, um agradecimento especialíssimo a família Robinson e Porchat. Obrigada pelo apoio fundamental, o carinho sem igual e a torcida enorme. Vocês foram e estão sendo incríveis. Um abraço carinhoso a Isabella Robinson, Alice Porchat, Americo Rocha e... CLARO, um abraço demorado no loiro gente finíssima (agora até na silhueta - risos -) Fábio Porchat. Cara, por mais que fale, não vou conseguir expressar o carinho que sinto por vocês. Vocês são FORA DO NORMAL de tão sensacionais e incríveis que são!
Natal, foi massa! Obrigada por tudo, Cidade do Sol!
Finalizei a competição com a sensação de dever cumprido, porém, obviamente, com vontade de treinar ainda mais e mais para obter resultados melhores nas próximas competições. Porque, no fundo, o que realmente importa é fazer o melhor que se pode fazer, sem mirar em ninguém, sem procurar rivalidade ou ter por meta ganhar de x ou y pessoa, mas sim buscar ser um ser humano melhor e um atleta cada dia melhor. Um atleta sem maturidade nunca vai entender a importância de ser um ser humano admirável antes de almejar ser um atleta com resultados expressivos. Eu admiro bem mais um atleta que tem no currículo resultados não tão expressivos, mas que noto que se esforça, que treina e que faz o seu melhor enquanto competidor, mas, sobretudo, quando percebo que ele é um ser humano admirável, que sabe o momento de falar e de calar, que não dá show de estrelismo em nenhum momento da carreira, seja quando adolescente ou quando atleta master. Um atleta, para ser admirado, precisa ser um ser humano bacana, com atitudes louváveis. É esse tipo de atleta e ser humano que procuro ser todos os dias.
Finalizei a competição com a sensação de dever cumprido, porém, obviamente, com vontade de treinar ainda mais e mais para obter resultados melhores nas próximas competições. Porque, no fundo, o que realmente importa é fazer o melhor que se pode fazer, sem mirar em ninguém, sem procurar rivalidade ou ter por meta ganhar de x ou y pessoa, mas sim buscar ser um ser humano melhor e um atleta cada dia melhor. Um atleta sem maturidade nunca vai entender a importância de ser um ser humano admirável antes de almejar ser um atleta com resultados expressivos. Eu admiro bem mais um atleta que tem no currículo resultados não tão expressivos, mas que noto que se esforça, que treina e que faz o seu melhor enquanto competidor, mas, sobretudo, quando percebo que ele é um ser humano admirável, que sabe o momento de falar e de calar, que não dá show de estrelismo em nenhum momento da carreira, seja quando adolescente ou quando atleta master. Um atleta, para ser admirado, precisa ser um ser humano bacana, com atitudes louváveis. É esse tipo de atleta e ser humano que procuro ser todos os dias.
Agora, para finalizar o post, algumas fotos tiradas pré-competição, competição e pós-competição:
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Pré-competição. Antes da primeira etapa de sábado. |
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No pódio, recebendo uma das seis medalhas de ouro. |
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Pré-competição. Última etapa, já no domingo, dia 16/03. |
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Esperando a prova dos 100m peito. Estou sentada, a cor da minha touca é branca e o maiô é mesclado nas cores preta e azul. Para ser mais exata, a segunda da direita para a esquerda. |
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Saída dos 100m peito. Sou a segunda, da direita para a esquerda. |
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No pódio, com as s8 mais queridas. Um abraço especial para Monica Veloso, que me passou ainda mais tranquilidade antes das minhas provas. |
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Pós-competição, já com todas as medalhas. |
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As meninas mais barulhentas e felizes da competição. |
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Felicitações do meu querido Porchat. Obrigada por tudo, loiro! Você é um cara FORA DO NORMAL! |
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Teve carinho espalhado em Facebook e também no Twitter. Esse Fábio e família são incríveis mesmo. Adoro vocês! |
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Um abraço da @ericona.
Hasta la vista!